segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Astrônomos encontram planeta invisível
Planeta invisível
Nenhum planeta extrassolar - ou exoplaneta - foi exatamente "visto" no sentido literal do termo.
Como seu brilho é tênue demais em relação às suas estrelas, tudo o que os astrônomos detectam são pequenas variações no brilho da estrela, conforme o planeta cruza sua frente, ou pequenos "sacolejos" na órbita da estrela.
Mas agora Sarah Ballard e seus colegas do Centro Harvard-Smithsoniano para Astrofísica, nos Estados Unidos, fizeram uma descoberta inédita.
Eles detectaram um exoplaneta a partir de outro exoplaneta - se nem mesmo o exoplaneta já conhecido pode ser visto diretamente, o "novato" é de fato invisível.
Atraso planetário
Os dois planetas orbitam a estrela Kepler-19 - o sistema foi descoberto pelo telescópio espacial Kepler.
O exoplaneta Kepler-19b foi encontrado pelo método tradicional do trânsito. As variações que ele causa no brilho de sua estrela permitiram que os astrônomos calculassem que ele tem uma órbita de 9 dias e 7 horas. Tamanha proximidade da estrela, cerca de 13,5 milhões de km, faz com que ele tenha uma temperatura por volta de 480º C.
Mas o mais interessante foi perceber que o Kepler-19b apresenta uma variação em seu tempo orbital: ora ele se adianta, ora ele atrasa cinco minutos.
Esta é a indicação da existência do "planeta invisível", já devidamente catalogado como Kepler-19c. É a gravidade do planeta invisível atuando sobre o Kepler-19b que causa as variações no seu tempo orbital.
Urano e Netuno
Por enquanto, não é possível saber muito sobre ele.
"O Kepler-19c pode ter múltiplas personalidades, todas consistentes com nossos dados. Por exemplo, ele pode ser um planeta rochoso com uma órbita circular de 5 dias, ou pode ser um planeta gigante gasoso com uma órbita oblonga de 100 dias," disse Daniel Fabrycky, coautor da descoberta.
Embora seja curiosa, essa forma tão indireta de descobrir um planeta não é exatamente uma novidade.
Nosso vizinho Netuno foi encontrado de forma bem parecida, quando os astrônomos notaram variações na órbita do então já conhecido Urano.
Eles concluíram que um planeta mais distante estaria influenciando a órbita de Urano e, com base nas variações da órbita observada, em comparação com as previsões matemáticas, eles calcularam com grande exatidão para onde os telescópios deveriam ser apontados para que o novo mundo pudesse ser visto - foi "na mosca".
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